domingo, 29 de dezembro de 2013

Coscorões





Nesta altura em que se fala tanto de doces (se bem que nós portugueses não precisamos que seja Natal ou Passagem de ano para falarmos em comida :) mas claro que nesta altura é com outra intensidade), vim me a aperceber que algumas pessoas não conhecem este doce, mais típico de Natal, é certo, mas também de passagem de ano (na minha casa, pelo menos!). Outros conhecem mas nunca fizeram ou nunca foi hábito fazer em suas casas! Desde que me conheço que sempre se fez em minha casa e em casa dos meus familiares e eu cada vez gosto mais, são estaladiços, são óptimos! Sinceramente, de ano para ano parece que os doces de natal têm um sabor ainda mais especial...deve ser por estar a crescer :)
Aqui fica a receita:

Ingredientes:

500g de farinha de trigo
2 colheres de sopa de manteiga
Sumo de uma laranja
1 cálice de aguardente
Óleo, açúcar e canela, q.b.

Preparação:

Coloque a farinha em monte, faça uma cova e ponha nesta a manteiga, o sumo de laranja, a aguardente e água quente. Amasse bem. Estenda a massa e corte-a em retângulos ou losangos usando uma faca.
Frite-os em óleo quente deitando colheradas do óleo sobre os coscorões para eles enfolarem.
Disponha-os num prato e polvilhe com o açúcar e canela. 
Espero que gostem e continuação de Boas Festas! :)



segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Bolo de nozes com ovos moles




Para quem está comigo todos os dias e vai estando atento àquilo que gosto e quero fazer/experimentar, FINALMENTE, consegui fazer o tão falado (por mim), bolo de noz. Eu adoro bolos de noz. 
Já ando para fazer este bolo há umas semanas, mas não tenho tido tempo nenhum e, para além disso, ando-me a guardar para esta altura do ano :) 
Desta vez não me ia poupar, como é óbvio, e fiz com ovos moles, até porque dietas, não são para esta altura do ano! Espero que experimentem (fico contente por já ter contribuído para algumas experiências aí desse lado), e o que desejo é um Natal rico, não só de sobremesas e todas aquelas coisas boas que já sabemos que fazem parte desta quadra maravilhosa e que a completam tão bem, mas rico no principal, sem esquecermos do principal significado da sua celebração. Bom Natal!!!

Ingredientes:

250g de nozes bem moídas
200g de açúcar
8 ovos
qb margarina

Ovos Moles:
8 gemas (não as bata)
150g de açúcar


Preparação:

Massa:
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Bata as claras em castelo e reserve.
Bata as gemas com o açúcar, adicione as nozes, mexendo sempre até obter uma massa homogénea.
Com uma vara de arames, misture cuidadosamente a massa com as claras em castelo.
Unte uma forma redonda, com margarina e papel vegetal (também pode ser margarina e farinha de trigo, mas o papel vegetal é infalível, só ponho margarina dos lados mesmo para garantir), e coloque o preparado na forma durante 50 min.
Por fim, quando pronto, desenforme para um prato circular.

Ovos Moles:
Leve o açúcar e 1,5dl de água a lume brando.
Deixe ferver sem mexer até obter um ponto de cabelo (verifique se, colocando um pouco de calda entre o polegar e o indicador, forma um fio entre os dois).
Junte as gemas, leve ao lume e mexa sempre com uma colher, em vaivém, e não em movimentos circulares, até obter a consistência desejada.
Deixe arrefecer, barre o bolo com os ovos moles e decore com nozes.

Sugestão: Se preferir, pode substituir os ovos moles por natas batidas ou mesmo açúcar em pó!





domingo, 20 de outubro de 2013

Celestes







 Celestes, as celestes de Santarém foi o doce escolhido para este fim de semana, mas não foi uma escolha à toa. A minha irmã adora este doce tradicional de Santarém, criados pelas monjas Clarissas do Convento de Santa Clara e eu sinceramente também gosto de todo o tipo de doce de origem conventual. Então, no fim de semana passado, enquanto folheava inúmeras receitas e livros de culinária da minha mãe, encontrei a receita das celestes num livro tão antigo, mas tão antigo, que fui logo a correr contar-lhe, tal era a emoção! Nunca imaginamos que tínhamos aqui o tesouro tão perto :) . Já há muito tempo que não íamos a Santarém nem tínhamos oportunidade de os saborear, e então resolvi meter-me nesta aventura. Não sou muito dada a artes e não ficaram perfeitos por fora até porque mexer com a hóstia não é muito fácil, mas valeu pelo final em que a minha irmã me deu os parabéns porque de sabor estava igualzinho!


Ingredientes:

500g de açúcar pilé
200 ml de água
200g de miolo de amêndoa
24 gemas + 2 claras
folhas de obreia (=hóstia, eu comprei duas folhas e foi suficiente)

Preparação:

Leve o açúcar ao lume com a água e deixe ferver até ficar em ponto de fio. Junte o miolo de amêndoa e deixe cozer.
Retire o preparado do lume e adicione-lhe as claras batidas juntamente com as gemas. Leve de novo ao lume (lume brando), e deixe ferver até obter ponto de estrada. Deite o preparado numa travessa, para esfriar. Tenda bolinhos e coloque-os sobre rodelas de obreia. No final, leve ao forno para que fiquem ligeiramente tostados em cima.  Espero que gostem tanto como eu :)



domingo, 13 de outubro de 2013

Mousse de Manga




Os desejos de mãe também têm de ser satisfeitos e a minha já me andava a pedir mousse de manga há muito tempo, passou-se o verão e não a fiz...tinha de ser agora.
Costumo colocar leite condensado mas desta vez não o fiz e ficou surpreendentemente boa na mesma :)
Para quem gosta desta mousse, aqui vai a minha receita:

Ingredientes:

1 lata de polpa de manga, ou duas mangas bem maduras
Sumo de 1 laranja grande
Sumo de 1 limão
1 colher de sopa de gelatina em pó
2 pacotes de natas de 200 ml cada
200g de açúcar

Preparação:

Coloque previamente as natas no frigorífico (se usar natas frescas não é necessário), e depois bata-as com o açúcar até obter chantilly. Descasque as mangas, retire-lhes a polpa e reduza-as a puré. Se usar a lata de polpa de manga, já está o trabalho feito.
Dissolva a gelatina numa chávena (café) de água quente e misture-a depois com o puré das mangas. Junte o sumo da laranja e do limão e, por fim, o chantilly, com cuidado e sem bater. Deite numa taça e guarde no frio até prender. Decore a gosto, por exemplo, com chantilly.

domingo, 6 de outubro de 2013

Sobremesa Merengada




Mais um fim de semana que estamos a viver e eu já andava com vontade de fazer esta receita há muito! Ela não é uma delícia, ela é bem mais que isso sinceramente. Há sabores que nem dá para descrever, só provando mesmo. É mais uma sobremesa de colher de que eu não prescindo em minha casa. Experimentem e depois digam-me algo :)
Aqui vai a receita:


Ingredientes:

1 lata de leite condensado
A mesma medida da lata de leite condensado, mas de leite normal (meio gordo)
2 colheres de sopa de manteiga
1 casca de limão
4 ovos
4 colheres de sopa de açúcar
4 colheres de sopa de farinha maizena

Preparação:

Junte o leite condensado com as quatro gemas, mais as quatro colheres de farinha maizena e deixe repousar.
Num tacho, coloque o leite normal (meio gordo, pois o leite magro nunca funciona para este tipo de receitas) com a casca de limão e a manteiga. Quando estiver a ferver, junte o preparado anterior, mexendo muito bem, e vai ao lume até engrossar um pouco.
Quando estiver pronto, coloque num pirex e deixar arrefecer.
Por fim, bata as quatro claras com as quatro colheres de açúcar até ficar bem firme. Coloque no forno só com a resistência de cima para alourar as claras e...prontíssimo! :)

sábado, 21 de setembro de 2013

Brigadeiro




Esta semana que passou a minha irmã fez anos. Há muito tempo andava a pedir-me para fazer brigadeiros e achei a festa de anos dela um excelente motivo para os fazer. Pois digo-vos que fizeram um sucesso tremendo, e tremendo ao ponto de alguém dizer que eram os melhores brigadeiros que já alguma vez havia comido! Com esta frase, houve uma imediata concordância dos restantes! Nada me podia deixar mais orgulhosa, como é óbvio, e mais uma vez, com uma receita tão fácil...


Ingredientes:

1 lata de leite condensado
5 colheres de sopa de cacau em pó (de boa qualidade)
2 colheres de sopa de manteiga


Preparação:

Coloque a lata de leite condensado num tacho. De seguida, junte as colheres de sopa de cacau ao leite condensado e misture bem até desfazer o cacau no leite. Junte a manteiga e leve a lume brando, mexendo sempre até engrossar e este preparado se despegar das paredes do tacho. No final, coloque num prato para arrefecer, e quando estiver pronto, unte as mãos com manteiga q.b. e forme bolinhas. Passe cada uma por chocolate granulado a gosto (chocolate negro, chocolate de leite ou mesmo branco) e sirva frios em forminhas de papel.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Gelado de Bolacha


Depois de Julho (mês de trabalho intensivo) e Agosto (metade férias, metade trabalho), mas sobretudo, depois de férias prolongadas do blogue, resolvi fazer uma reentré com um gelado que nunca faltou nas minhas festas de anos. Quando penso nele, ou o faço, é disso que me lembro, com a diferença que na altura era a minha mãe que o fazia, aliás, eu não a deixava esquecer-se de o fazer :)
É um simples gelado de bolacha, que eu adoro, e que aqui vos deixo a receita porque é igualmente fácil comparativamente às receitas que aqui vos tenho deixado, pois para mim isso é o mais importante e o que realmente interessa quando estamos a comer algo: ser muito bom! :)
Tantas vezes me desiludi com muito aparato e depois de sabor...uma deceção! Por isso, experimentem :)

Ingredientes:

1 lata de leite condensado
1 pacote de bolacha Maria
2 pacotes de natas


Preparação:

Triture as bolachas (deixe algumas para no fim colocar as restantes por cima do gelado) na 123 e coloque num recipiente. De seguida, junte a lata de leite condensado e vá envolvendo aos poucos na bolacha. Por fim, bata as natas (eu não coloco açúcar nas natas) e envolva no preparado anterior. 
Depois de tudo misturado, e polvilhado com a restante bolacha, cubra o recipiente onde colocou o gelado com papel de alumínio ou mesmo celofane para ficar protegido do gelo e leve ao congelador.
A parte mais dura da receita é esta, esperar que gele :)

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Baba de Camelo




E a baba de camelo foi a sobremesa eleita para a festa São Joanina. E fiz em duplicado. Uma para minha casa, outra para a minha irmã levar a uma festa. Posso dizer-vos sem qualquer tipo de medo ou dúvidas, que é a minha sobremesa favorita. É, e já não a fazia há bastante tempo! Eu adoro, mas como sou suspeita porque fui eu que fiz, falo já com feedbacks de outras pessoas, claro, que têm espírito crítico e sei que nunca me mentiriam. Ela é, segundo uns, a melhor baba de camelo do MUNDO!!! :) Também sei que a doutrina diverge e que há quem ache muito doce e enjoativo, mas para mim, não há nenhuma sobremesa que se iguale a este sabor! Provem, é o que vos digo :)

Ingredientes:

1 lata de leite condensado (já cozido ou uma lata normal a cozer cerca de 45 min na panela de pressão)
2 pacotes de natas para bater
6 gemas
Bolacha Maria ralada a gosto

Preparação:

Juntar a lata de leite condensado às gemas e mexer bem (eu mexo à mão mesmo, não uso batedeira). À parte, bata as natas em chantilly e envolva suavemente no preparado anterior. Por fim, polvilhar com bolacha triturada na 123 (ou colocar amêndoa se preferirem). Bom apetite!



quinta-feira, 20 de junho de 2013

Bolo de Côco




É incrível como aquilo que gostávamos antes, não se coaduna muitas vezes com o que gostamos agora! Foi o meu caso. Posso dizer que este bolo não ia figurar muito bem numa cozinha minha há uns tempos atrás, pois só há bem pouco tempo comecei a gostar de côco. Nem bolinhos de côco, nem bolos com côco ralado por cima...meu deus, como detestava! Agora, como que por magia, passei a gostar e MUITO! O mesmo se passou com a manga, aprendi a gostar de manga quando provei mousse de manga pela primeira vez e agora AMO...:) Bom, este é um bolo delicioso, com uma textura tipo queijada, molhadinho (claro!), e mais uma receita que vos transmito para que possam fazer as delícias dos vossos. Espero que gostem tanto como eu! :)

Ingredientes:

1 iogurte de aromas (que vai servir de medida para os restantes ingredientes)
6 ovos
3 medidas de açúcar
2 medidas de farinha
1 medida de côco (ralado)
1 medida de óleo
1 colher de chá de fermento
sumo de uma laranja

Preparação:

Pré-aqueça o forno a 180º.
Comece por juntar o iogurte de aromas num recipiente para bater. De seguida, os ovos, o açúcar, a farinha, o côco ralado, o óleo, a colher de chá de fermento e o sumo de laranja. Bater muito bem. Entretanto unte bem com manteiga e farinha uma forma de tarte (de preferência e sem buraco) e disponha lá o preparado anterior. De seguida, colocar no forno cerca de 35 a 40 min...et voilá! :)

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Pavé de Biscoitos Folhados




Antes de mais, quero pedir desculpa pela demora, mas aceitem a minha explicação. Ora, eu até fiz algumas sobremesas nestas últimas semanas, que ficaram deliciosas e que, por isso mesmo, acabaram rápido. Quando me lembrava, já elas iam no fim, não postei nada, porque sinceramente já não ficavam bonitas para as vir expor aqui. Desta vez não me esqueci de tirar, e por isso, aqui vai: 
Já há algum tempo queria deixar-vos com esta receita. Adoro pavês, acho que é mesmo o meu tipo de sobremesa preferido (como já repararam com a minha devoção pela Terra Negra :), e as sobremesas de colher no geral). Deixo-vos por isso a receita deste pavê de biscoitos folhados pura e simplesmente maravilhoso, doutra forma, também não vos passava...e fácil, que é o melhor! :)
Deliciem-se!

Ingredientes:

1 pacote de biscoitos folhados
1 pacote de natas para bater
1 lata de leite condensado
5 gemas 
A mesma medida/porção da lata de leite condensado em leite meio gordo


Preparação:

Leve ao lume a lata de leite condensado juntamente com as gemas e a mesma medida da lata de leite condensado, com leite meio gordo. Mexa sempre em lume brando até o creme ficar espesso e homogéneo.
Quando estiver pronto, deixe arrefecer. Entretanto disponha numa taça os biscoitos folhados (eu prefiro pôr primeiro os biscoitos folhados e depois o creme, mas podem verter primeiro o creme quando arrefecido e depois por os biscoitos que fica igualmente bom). Por cima dos biscoitos folhados verta o creme já preparado e por fim, bata as natas em chantilly. No final, decore a gosto, com fruta (morangos ou ananás, ou mesmo bolacha ralada). 

terça-feira, 7 de maio de 2013

Gelado de Morango



Pensava que já tinha chegado a época dos gelados, mas pelos vistos enganei-me! Este fim semana apeteceu-me um gelado caseiro e, como já me tinha sido solicitado sobremesas "mais light" este fim de semana foi uma excelente oportunidade para o fazer. Não tem nada de chique nem de difícil, mas como já alguém dizia: "A simplicidade é a derradeira sofisticação!".

Ingredientes:

1 e 1/2 kg de morangos
2 pacotes de natas para bater
350g de açúcar
1/2 pacote de bolacha Maria (opcional)

Preparação:

Triture os morangos (1Kg) junto com o açúcar na varinha mágica. Entretanto, triture as bolachas na 123. Bata as natas até estas ficarem bem firmes, e de seguida envolva as natas com a polpa dos morangos. Vá dispondo primeiro a bolacha, depois o preparado das natas com os morangos e assim sucessivamente. Vai ao congelador...e já está! No final, e como sugestão, acrescente esta deliciosa e simples cobertura, que consiste apenas em triturar os restantes morangos e verter por cima do gelado. Bom apetite! :)

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Terra Negra


Esta sobremesa é mais uma que está no top das minhas preferidas. Experimentei-a pela primeira vez no início deste ano, e digo-vos nunca ter experimentado nenhuma parecida. Passei a gostar de tal maneira, que não aguentei uma semana sem voltar a repeti-la e sentir este sabor novamente. Chegou até mim através de uma amiga da minha mãe, e felizmente que assim foi!!! Experimentem, é super fácil, e vão ver mais uma vez que não se arrependerão :)


Ingredientes:

1 embalagem de boca doce de sabor baunilha
1 pacote de natas
1 embalagem de queijo filadélfia (atenção, que é o que tem na tampa no canto inferior direito uma tarte de morango, senão não fica igual!)
1 pacote de bolachas Oreo

Preparação:
Faça o pudim boca doce conforme as instruções e deixe arrefecer até ficar um pouco consistente. Entretanto, bata as natas bem firmes e misture com o queijo.  À parte, triture a bolacha na 123. De seguida, mistura-se as natas com o queijo no pudim, até ficar homogéneo. Num pirex, disponha uma camada do preparado, outra de bolacha e assim sucessivamente. Acabar com a camada de bolacha. Bom proveito!


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Bolo de Chocolate e Natas


Fotografia: Ângela Magalhães

Aqui está o belo destino que eu dei ao meu querido Cacau. Esta é uma receita da diva das divas Nigella Lawson, e não podia deixar de partilhar com vocês esta maravilha dos deuses (apesar de ter feito algumas pequenas alterações). É um bolo requisitadíssimo em minha casa, e, mesmo para os que gostam menos de chocolate, ele é implacável e conquista logo à primeira dentada!

Ingredientes:
200g de chocolate preto com um mínimo de 70% de cacau
125g de manteiga sem sal, derretida
6 ovos: 2 inteiros e 4 separados
170g de açúcar

Para a cobertura das natas:

500 ml de natas
1 colher de chá de essência de baunilha
1 colher de chá de cacau em pó para polvilhar

Preparação:
Comece por pré-aquecer o forno a 180ºC.
Forre o fundo de uma forma de bolos (forma redonda de aproximadamente 25 cm) com papel vegetal.
Derreta o chocolate  em banho-maria e junte a manteiga ao chocolate até ambos derreterem.
Bata 2 ovos mais 4 gemas com 70g de açúcar, e junte o chocolate. À parte, bata as 4 claras em castelo e depois junte o restante açúcar aos poucos, batendo sempre. Adicione de seguida as claras ao chocolate, envolvendo bem. Ponha este preparado na forma forrada a papel vegetal e leve ao forno 35 a 40 minutos. Quando tirar do forno, deixe arrefecer em cima de um tabuleiro de rede para o centro ir baixando à medida que arrefece.
No final, bata as natas e junte a essência de baunilha, continuando a bater, e, quando estiverem firmes, coloque por cima do bolo polvilhado com o cacau em pó. Bom apetite!

segunda-feira, 15 de abril de 2013


A manhã, meus caros amigos… Novamente vos relato a minha história começando por esse momento seminal, que é a manhã. O dia a começar, os pássaros a cantar e todas essas maravilhas da Natureza que dão sentido à criação. Mas não era agora um quadro bucólico, como aquele que vos havia descrito, antes de ser arrancado à minha feliz existência tropical. Um gigantesco ronco de cidade a acordar substituía, tristemente, o amanhecer soalheiro que eu tanto amava!
No princípio, saído das entranhas do monstro voador que aqui me trouxera, dei por mim em deslumbre, com os olhos piscos, no meio de uma babel de muitos sons. Gemidos metálicos, buzinas estridentes, gritos de homens trabalhando, sem alegria ou prazer. Que mente tortuosa inventou semelhante inferno? Uma mente de metal e alavancas e escuridão e deserto, certamente!
Segui o meu percurso, descrente ainda e sempre do futuro…
E subitamente o Mar… Primeiro levemente, por entre os gritos das gaivotas, um ligeiro espumejar, que nos faz sentir a frescura de milhões de gotículas salgadas na alma e depois, forte e retumbante, o rugido de um gigante, enquanto se despenhava mais uma onda nas rochas, antigas como o mundo. E o aroma, pelos deuses… O perfume da felicidade é o que é. O odor de incontáveis peixes, algas, seixos e sal, muito sal… Já dele tinha ouvido falar e até já o tinha visto, lá em baixo, enquanto troava os ares no monstro voador, mas nunca o tinha ouvido, nem cheirado. O Mar infinito, universo mágico de cor azul esverdeado, mas em que cabe todo o arco-íris…. E subitamente também, a felicidade, essa frágil musa que eu julgava perdida para sempre, assomou à ombreira da minha vida.
Estava numa terra estranha, que sendo tão diferente, tinha uma vibração que, incompreensivelmente, se assemelhava à daquela onde eu nascera. Não sabia porquê, mas estava num sítio, que se parecia como a minha casa, mas sem o ser. Como dois actos da mesma peça, ou faces diferentes da mesma medalha…
Sentia-me assim em casa, “de volta pro meu aconchego”. Mas devia ser um sonho bom. Não podia ser verdade…
Vi então uma praia. Um extenso, branco e perfumado areal, com uma pequena capelinha entalada na rocha, de ar singelo, humilde, belo e incomensuravelmente forte. Parecia estar ali desde antes da areia, antes do tempo. Que bela visão, a do Mar…
Mas logo deixei de o ver. Atormentado, novamente agarrado, puxado  repuxado  transportado, e colocado em frias prateleiras de uma pequena mercearia. Lá me quedei, finalmente consciente do meu destino: seria consumido!
E não tardou a chegar o algoz. No caso a algoz, o que, bem vistas as coisas, tornou toda a experiência consideravelmente mais agradável.
Tudo se passou muito rápido. Um puxão daqui, uma sacudidela dali, atiram-me para o balcão de alumínio polido e, passados alguns segundos, lá vou a caminho, sem saber para onde, dançando ao ritmo do andar, daquela que é agora a minha Dona. E depois vi aqueles olhos… Escuros, castanhos, quase negros. Desenhados pela mão pressurosa de Afrodite, profundos, abismais, brilhantes. Olhavam para mim, estudavam a minha embalagem, mediam-me a consistência e a cor. Apaixonei-me imediatamente, quis perder-me neles, encontrar lá a minha morada e lá esperar pelo juízo final.
Não sei bem explicar o que me aconteceu depois. Sei que me vi dentro de uma pequena casa, quente e bem iluminada, colorida, repleta e cheirosa, com um enlevo feminino, como nunca eu vira. Vozes claras, risos alegres, e uma cozinha. Com o coração a rebentar de êxtase eu fui sendo moldado, cercado de açúcar, envolvido no chocolate. De gemas e natas fez a Dona a minha morada. Ao som do Tom e da Elis, as Aguas de Março batiam na janela e inundavam o ar à minha volta. E eu ouvia, como se olhasse para outra vida "…falta a raspa de laranja…", "não ponho licor que não vale a pena…", "...não, este não leva farinha…".
E lá continuei a passar por entre os dedos daquela que amava, entregue – e que bem entregue eu estava – aos seus cuidados ternos, já misturado, já confundido e ainda assim, mais perto da minha essência.
"Está pronto! Forno e depois frio, natas por cima e a caminho da barriguinha…"
O perfume doce do chocolate tudo envolve, tudo cura, tudo alegra. E assim cumpri minha função e senti-me feliz.
E amigos meus, cumpriu-se o meu destino! Dos confins da Bahia à terra que Mira o Mar. Sofri e redimi… Até te encontrar, minha Dona, meu amor, eu te me dedico, sempre teu

Cacau


"A breve vida de um fruto", Manuel Miraldo.


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Ah como eu gostava daquelas manhãs brumosas que se derramavam docemente sobre as folhas verdes, minhas irmãs de seiva. Não há amanhecer como o da Bahia de Todos os Santos. O assobio de todos os pássaros, o restolho da bicharada, de cor viva e nomes estranhos, que transportam o ouvinte para um mundo perdido de selvagem bonomia. E o momento em que o nosso Rei Sol, na sua majestade ígnea, despontava nas copas gigantes das árvores tropicais. Ah como era feliz...
 Mas o criador não mistura eternidade com felicidade e, abruptamente, me vi arrancado da minha realidade sonhada. Com a alma entregue ao negrume e antes de soltar um proverbial "ai", já me via a bailar por entre as mãos de um sorridente jovem, com a pele da cor da avelã, chapéu malandro de palha, que entre um e outro passo sambado, me atirou para dentro de um saco de estopa, enquanto assobiava uma modinha do Ataulfo Alves.
Lamentavelmente nem a alegria tropical daquele jovial carrasco me melhorou o estado de espírito. Afinal, em poucos minutos já eu ia aos solavancos, num monstro de metal, que se assemelhava vagamente a uma carrinha, apertado entre os meus irmãos, debaixo de um sol inclemente, que parecia agora uma caricatura cruel, do astro bondoso, que apenas umas horas antes me tinha dado os bons dias.
Ó dura provação que eu apenas ainda tinha começado a saborear! Fui manietado, descascado, curtido ao sol como um pedaço de couro, esmagado, triturado, ensacado, empacotado, embalado, e por fim, encaixotado. Tortura, meus amigos!!! Digo-vos sem peias, que fui submetido a tortura vil e torpe. Para que me querem eles? Para que sirvo eu? Porque não me deixaram eles em paz no meu remanso roceiro? Que destino é este que me espera, pela glória de Zeus?
Entregue ao meu suplício, ouvia horríveis boatos...que ia acabar num boião a besuntar a pele cadavérica de uma dona de casa entediada, que seria adicionado a um pavoroso pó, com o bárbaro nome de "mousse instantânea", ou ainda - horror dos horrores -  a perfumar os marcadores coloridos de uma criança ranhosa...e quereis saber? Eu não me importava! O futuro era tão negro que já não me apoquentava decifrá-lo.
Foi por isso, com resignada indiferença que fui conduzido para fora daquele lugar de pesadelo e, de novo sujeito aos humores da estrada, me deparei, no final de curta viagem, com o mais estranho dos cenários: monstrengos de ferro, que faziam uma barulheira infernal, levantavam voo para terras distantes. Tão diferentes eram dos pássaros que eu conhecia e amava, que pela primeira vez eu chorei...chorei triste, pela sorte daqueles monstrengos que estavam condenados a voar sem a beleza das mil cores das aves nem a perfeição do seu canto. E chorei por mim, que via tudo aquilo como dura recordação de um paraíso perdido, tão distante agora que mais parecia imaginado.
Depois dirigiram-me para junto de um desses monstrengos, e para minha surpresa, uma enorme abertura se recortou nas suas entranhas. Não vos conseguirei descrever, o horror que senti enquanto era depositado no interior ruidoso daquele monstro.
E subitamente confuso, assustado e devidamente acondicionado, tudo se tornou claro na minha mente. Ia viajar! Para onde não sabia. Apenas percebera que tinha terminado o tempo da cobardia. Não iria chorar mais! Franzi o cenho, e pensei: "Não sei para onde vou, mas farei da glória a minha bengala!".
O monstro levantou voo. O barulho era insuportável. Tinha partido!

Em breve vos contarei o final da minha história. Até lá, com cordiais cumprimentos me despeço, sempre vosso,


Cacau.